03 março 2011

Responda quem dono
            da raiva
da chama, do tempo, da fome, da infância
suba ao púlpito
aquele da eloquência sagrada
mal-avinhada alma de mansionário
na sua espera manquejante.
Qual da sua sorte vai roubar a igreja?
Ofereço a merendola a quem traga a primeira
sombra do meridiano 2000 colado ao metecárpio
matem-se os neutrófílos períscios
apontados do alto do púlpito.
 


Ricardo Bordalo
in non nova sed nove, dezembro 97

1 comentário:

  1. Wellitania Oliveira4.3.11

    Este poema desperta-nos para a reflexão, para perguntas imperiosas e que requereriam respostas mais que imediatas. A semântica de tudo que está no texto, suas significações explícitas ou mesmo implícitas, conduzindo-nos a uma fulcral indagação a ser feita: "quem dono/da raiva/da chama, do tempo, da fome, da infância"... Talvez, em face dos descasos da própria sociedade e, muito provavelmente, por ser esquecido por sua família, o sujeito esteja abandonado à própria sorte..."Qual da sua sorte vai roubar a igreja?" É o ser marginalizado e imunizado dos valores e crenças sociais, sempre visto de cima "do alto do púlpito".

    Este é para refletir.

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