04 março 2011

partir. o saco dos dexy's

vou partir
com o velho saco azul dos dexy´s
aquecer este ar cortante
para a casa de cal. cálida.
a nossa casa
onde a música da terra
serpenteia no jardim das delícias



*


viste rios a correr
amor queimando como a fogueira medieval



*


conduzir o metro
para vos levar ao meu túnel



*


esse mar onde navegas
ondula bravo mas parece amigo,
humanizado



*


se não tivesse dado tantas voltas pelo mundo
não teria sentido a aragem livre
das piruetas e das cambalhotas




trilho

no trilho que tomou
foi trilhado em pedaços.
chorou muito mudamente
à noite sorria com esforço
de dia desamparado
encostado às paredes



*


lentamente ou muro da igreja

mais uma semana que passou
carpindo uma toxicidade lenta

a luz enigmática incidindo no mármore
as suas veias que correm
na inanimação da pedra

as suas veias dão-me a beber
a luz estranha



*


travas uma luta para destruir
o que os outros constroem para te destruir
mas lutas desarmado, inofensivamente



Tiago Gomes
non nova sed nove, dezembro 97

Sem comentários:

Enviar um comentário