partir. o saco dos dexy's
vou partir
com o velho saco azul dos dexy´s
aquecer este ar cortante
para a casa de cal. cálida.
a nossa casa
onde a música da terra
serpenteia no jardim das delícias
*
viste rios a correr
amor queimando como a fogueira medieval
*
conduzir o metro
para vos levar ao meu túnel
*
esse mar onde navegas
ondula bravo mas parece amigo,
humanizado
*
se não tivesse dado tantas voltas pelo mundo
não teria sentido a aragem livre
das piruetas e das cambalhotas
trilho
no trilho que tomou
foi trilhado em pedaços.
chorou muito mudamente
à noite sorria com esforço
de dia desamparado
encostado às paredes
*
lentamente ou muro da igreja
mais uma semana que passou
carpindo uma toxicidade lenta
a luz enigmática incidindo no mármore
as suas veias que correm
na inanimação da pedra
as suas veias dão-me a beber
a luz estranha
*
travas uma luta para destruir
o que os outros constroem para te destruir
mas lutas desarmado, inofensivamente
Tiago Gomes
non nova sed nove, dezembro 97
Sem comentários:
Enviar um comentário