05 fevereiro 2011

trás-os-montes


entre a planície e a montanha
a massa informe das rochas seculares
pequenas coisas se ordenam
por estradas longínquas 
o pão duro rasgado no peito
a fome insuportável e penosa
o meu quadro no cadafalso
silêncio a memória dessas casas assombradas
os fantasmas dos lobos sem donos
a tortura da manhã em manhã
rasgo tudo para mim
quando as sombras da memória
revoltado neste labirinto
colecciono prolongamentos
retorno ali à sepultura
dos antepassados nada
penetrando e descendo
ao ventre da minha árvore


Luís Paulo Meireles
in auge do ritual
non nova sed nove, nazaré, outubro 1997

Sem comentários:

Enviar um comentário