19 fevereiro 2011

regresso à palavra de Brel na juventude
regresso rebelde a passear ou sentado
nos jardins da cidade
regresso ao odor e ao vento
mas mais não estou do que na retina do teu
olhar
simples assim como o encanto



vejamos então o naufrágio
ou um beijo indecente
daqui do areal seco e cinzento
ou eis-nos pintados ou deformados
deslizantes e agonizantes nesta linha
                                        azul
de caneta de prata roubada
onde os homens fugiram, atormentados
vamos ouvir assim o rugido,
esquecer
e de cócoras, brincar com pequenos
                                        leões
agora órfãos agora como nós



as pedras dos caminhos para Millbrook
foram espalhadas pelos céus e os anjos pereceram
voaram penas
enquanto a dinástica criatura das teclas enérgicas
se fez perder, diurna, nas selvas verdes e ínfimas


Augusto Oliveira Mendes
in non nova sed nove, dezembro 97

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