22 fevereiro 2011

perdido olho o infinito 

fumo um distraído cigarro com o sôfrego da angústia
olho o mundo cinzento que me rodeia
leio no futuro um destino de nómada 

perdido olho o infinito
tu estás do outro lado de mim 

perdido olho o infinito
e uma lembrança beija-me a memória: 

riso de gente sentada no vazio
flamejar de pulsões
paixões perdidas 

no riso vazio de pulsões tu ficas calada
como gata de merceeiro sobre o balcão
lembras-te? 

é o temperamento do cio nos corpos
dias infindáveis a olhar nebulosas saltitantes 

lembras-te 

aflorar dos sentimentos
linguagem perdida de sílabas
sílabas coloridas do tempo
náusea esgotante das noites
sono fictício de sonhos 

lembras-te 

ficamos à espera da manhã
partimos em naus coloridas
descobrimos mundos de fantasia repletos
no longínquo labirinto
coberto pela teia do tempo 

perdido olho o infinito

o riso vazio deixou o espaço
e o alegre repouso do nada amortalhou o horizonte


José Domingues
in non nova sed nove, dezembro 97

Sem comentários:

Enviar um comentário