fumo um distraído cigarro com o sôfrego da angústia
olho o mundo cinzento que me rodeia
leio no futuro um destino de nómada
perdido olho o infinito
tu estás do outro lado de mim
perdido olho o infinito
e uma lembrança beija-me a memória:
riso de gente sentada no vazio
flamejar de pulsões
paixões perdidas
no riso vazio de pulsões tu ficas calada
como gata de merceeiro sobre o balcão
lembras-te?
é o temperamento do cio nos corpos
dias infindáveis a olhar nebulosas saltitantes
lembras-te
aflorar dos sentimentos
linguagem perdida de sílabas
sílabas coloridas do tempo
náusea esgotante das noites
sono fictício de sonhos
lembras-te
ficamos à espera da manhã
partimos em naus coloridas
descobrimos mundos de fantasia repletos
no longínquo labirinto
coberto pela teia do tempo
perdido olho o infinito
o riso vazio deixou o espaço
e o alegre repouso do nada amortalhou o horizonte
José Domingues
in non nova sed nove, dezembro 97
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