23 fevereiro 2011

inesperado

ao não ser de o ser sempre criança
companheiro e amigo de todos os dias
quantas vezes esta esperança
duma lembrança que nos adias

no cume de uma vaga a gaivota dança
o espírito lívido e distante
o cheiro perfumado da tuas tranças
num delírio em que m'abandono constante

ao sonho! quase proibida a vida vagueia
esquecida como se do nada fosse
já meu corpo por ti semeia
e mesmo que a vida o não fosse
ou o fosse como a areia
cobrindo as dunas salpicadas de iodo
onde o canto do mar sereneia
em verso de eterna ode

uma realidade após outra
surgindo inesperadamente
emergindo de favor contra
ou outra antecipadamente

quase meu sonho adoecera
por incompreendido o ser
em outro após renascera
e de compreendido nunca ser
em outro que aparecera
por não se compreender
ao não compreendido, o ser


José Petinga
in non nova sed nove, dezembro 97

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