20 outubro 2010

fotografias de janela


I
o fumo branco das ervas falsas. ali de onde se avistam as estações estéreis. fogo de borboletas.
esse ar condena os frutos materiais. assim se perde a cidade voando.


II
a árvore naturalmente debita notícias. um caçador furtivo espera meses infinitos pela ave-lírica. o significado do homem sucumbiu. perde-se alegadamente nesta fogueira o trilho da imortalidade.


III
os veículos da prata estavam à espera de um candeeiro. os seios do tempo deitavam por fora vidros com riscos de unhas.
a morada do vinho era outra. era um principado no altar da cidade transparente.


IV
a ausência tem um aspecto aterrador. os frutos acabam por ser entregues como oferenda. ninguém suspeita das visões desagradáveis.


m. parissy
in non nova sed nove, nº7, dezembro 95

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