22 agosto 2010

Revolta

No chão, uma vela ardia no momento.
A ténue luz que imitia,
iluminava parte de um rosto triste.
No canto, alguém dedilhava
um instrumento antigo.
A indiferença nem era luz,
nem era som, mas sim o pesadelo
de uma inócua revolta.
Por entre os livros espalhados,
a luz latia numa massa pastosa de cera.
O som já não fazia sentido,
o instrumento antigo, desliza-lhe pelo colo.
A indiferença, jazia agora,
no fundo de uma garrafa.
Quando aquela mão chegou,
paro, os cabelos lhe acaricias,
era tarde demais.
Já nem o tempo, nem o som,
nem a luz, nem a revolta existia.

Ricardo Bordalo
non nova sed nove nº 4, setembro 92

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