21 agosto 2010

caminho III

o aroma do nevoeiro
contém o sabor da tua saliva
olho em volta
e estás ao meu lado
as velas deram à costa

as crianças selvagens
nadam dentro de garrafas abandonadas

memórias de visões
de beijos e de cópulas
fluem junto ao altar
quero partilhar os sonhos
com a deusa-mãe

caminho IV

a luz dos teus cabelos
deixou de brilhar

os índios trabalham para a morte
à distância do grito
temem os deuses

vou mostrar-te o labirinto
recordas o mar onde entraste ?

durante mais sete anos
voltarei a amar
e beber dos antigos
signos do vento

caminho V

os figos amadurecem
desembarcas nessa ilha
escarlate

os homens pegam nas folhas
e regressam ao desespero do caminho

vou sentar-me na plateia
e fingir
um conto de terror
sobre flores

viste as sereias alucinadas
elas comiam laranjas
feitas de vinho

m. parissy
non nova sed nove nº4, setembro 92

Sem comentários:

Enviar um comentário