caminho III
o aroma do nevoeiro
contém o sabor da tua saliva
olho em volta
e estás ao meu lado
as velas deram à costa
as crianças selvagens
nadam dentro de garrafas abandonadas
memórias de visões
de beijos e de cópulas
fluem junto ao altar
quero partilhar os sonhos
com a deusa-mãe
caminho IV
a luz dos teus cabelos
deixou de brilhar
os índios trabalham para a morte
à distância do grito
temem os deuses
vou mostrar-te o labirinto
recordas o mar onde entraste ?
durante mais sete anos
voltarei a amar
e beber dos antigos
signos do vento
caminho V
os figos amadurecem
desembarcas nessa ilha
escarlate
os homens pegam nas folhas
e regressam ao desespero do caminho
vou sentar-me na plateia
e fingir
um conto de terror
sobre flores
viste as sereias alucinadas
elas comiam laranjas
feitas de vinho
m. parissy
non nova sed nove nº4, setembro 92
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