Sim, a segurança,
A rede lá em baixo
A mostrar que é possível
Não cair.
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Não, mais perto do vazio
Seria impossível.
Cada um se senta onde calha
E a atenção varia.
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Sim, os pés ficaram molhados
Dentro dos sapatos
Porque a chuva se acumula
Nos buracos abertos
Pela nossa falta de vontade de crescer.
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Não, nada de esperança.
O destino está nos debates sobre a segurança social
Que permitem que nos preocupemos
E choremos por antecipação
A morte preparada para cada um.
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Sim, tinha os olhos grandes e fumava
Com a delicadeza própria de quem
Conhece os malefícios de o fazer.
Deixava-se olhar
Com o cigarro preso entre os dois dedos
E entre os dois lábios.
Olhava também
Para confirmar que nem tudo
Depende apenas do movimento.
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Não, nunca mais seremos
Vigilantes.
As nossas posses extinguem-se
No momento em que negamos
O que não nos queima.
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Sim, as vítimas da fome
E de calamidades vistosas,
Os quase mil ou quase vinte mil
Ou outro quase número
De famélicos ou desalojados,
Contabilizados pelo repórter no local,
Em directo,
Prontos a marchar sobre a consciência,
Sensibilizada,
Até ao próximo bloco de anúncios.
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Não, nada disso,
Outra coisa para lá do óbvio
Que cada desilusão é.
Rui Almeida
non nova sed nove, abril 2011
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