09 janeiro 2011

não posso encontrar mais
que as nossas vozes
entrançadas onde não
posso encontrar mais
que o nosso tempo
recortado do tempo todo
do silêncio das palavras
da manhã do dia em
que não posso encontrar
mais que o teu rosto
que o teu rosto que
a brisa breve e definitiva
do teu rosto na espiral
constante de te amar e
te sofrer noites insones
de não posso encontrar
mais que e não posso
encontrar mais que o
teu sorriso discreto o
círculo do teu olhar e
em duelo comigo próprio
não posso encontrar mais
que a nave perdida o jardim
das palavras que te tentam
do silêncio da manhã do
dia em que não posso
encontrar mais que as
nossas vozes entrançadas
porque não posso encontrar
mais não posso encontrar
mais

não quero



José Luís Peixoto
in a pele branca do teu silêncio
non nova sed nove, nazaré, março 1997

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