os primeiros sete caminhos foram publicados na revistazine e neste livro foram acrescentados por mais dois poemas, assim como um outro conjunto de poemas sem título:
eu li pcd
anos depois
dos abutres das janelas
obrigaram-me a dizer notícias
e a proferir discursos
fotocópias de um qualquer
correspondente literário
os olhos dissolutos
no útero de um peixe
a vida rasgou trevas
*
no verão de oitenta e sete
o mercúrio desceu
no espírito da terra
continuavas o teu filme
onde havia tigres
a matar pela sobrevivência
um fascínio das figuras
chamava as crianças
eu fui um animal agonizante
*
pelas festas criava romances
a cidade adormecia
roubava-me o fogo
lambendo a areia
imaginas o sémen
no coração da praia
por vezes
surgiam crianças temerárias
dentro do sonho inerte
rimbaud numa boda
seria o mesmo
*
na madrugada de vinte seis de setembro
vi nascer um monstro
media sete metros de altura
e uivava
alto azul
corpo em correntes de algas
monstro hipnótico sem mãos
não acordou a cidade
o teu movimento deu-se em lentas explosões
rolaram as parcas flores
sobre o manto de areia
*
a partir do teu silêncio mórbido
senti cravar uma espada
no ceptro da água
fugimos de barco
em direcção às estrelas
*
eis a narração:
cedi aos teus desejos
tal como às páginas da tua odisseia
necrose em coluna de jornal
dissimulávamos as fendas do céu
tínhamos hipóteses rápidas de não ser
da neurose
nas horas intactas
o adverso
neste barco vazio
resta-me o encontro
com a luz da maré cheia
caminhos
de m. parissy
non nova sed nove, nazaré maio 1995
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